sábado, 31 de agosto de 2013

As noticias acabaram de sair, no noticiário os corações estão em greve. As poesias estão escassas, a felicidade então, mora longe. As palavras correm soltas, caçam abrigo, morrem equidistante ao coração. Ateia-se fogo a tudo, esquece o único pedaço de carne ali existente, a pouco arrancado.



358 dias se passaram, e ainda prevalece a escrita, a dor e a poesia.

domingo, 31 de março de 2013

cemitério de palavras.

As palavras mentem, contradizem e não expressam nada. Elas passam, ensinam, tornam-se velhas e visitáveis, alojadas em asilos de lembranças infintas, onde pairam os versos mais doces e os gritos mais terríveis, as palavras ferem, mas isso é opção do ouvinte, porque afinal a interlocução é um erro de comunicação grave entre duas pessoas.


A palavra cantada encontra e lava a alma, e faz com que essa se perca, se afunde e procure os letreiros azuis ou vermelhos, com uma variação de tons vazios nas ruas. As palavras não sabem como terminar, e elas começam bem, mas mesmo nessas condições uma infinidade de pontos finais ainda não resolveriam metade das histórias escritas, descritas e aposentadas por aí, pois da aposentadoria partimos todos para a morte das palavras, e o cemitério anda cheio de promessas não cumpridas.

A palavra escrita traz provas vagas, defeitos imensos e uma caligrafia gasta. Traz realidades não condizentes, lembranças inesquecíveis, que morrem e deixam a saudade, pois aquilo que ainda está vivo é passível de solução, mas o que fazer quanto a morte da palavra?



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cemitério de Almas

Há uma página em branco a frente, muito pra falar, nada a dizer. As palavras ecoam no silêncio do precipício em que se encontra a luz da lua, as coisas que não ficaram, e a alma que está a três passos do suicídio.



Há um lago, no ponto exato onde se caem os suicidas, servindo de espelho para seus atos, pairando sobre si a culpa de carregar a morte. Há flores nas margens, como aviso e presente aos mortos. Há olhos que choram por todos os lados, aflições, almas, almas e mais almas.

Almas de todos os tipos, poéticas, tristes, felizes demais para caber na vida. Há ainda as angustiadas, as vazias e as sem razão, mas todas elas mataram-se por um motivo ímpar, que tornou-se par, que virou um grupo de almas mortas, presas dentro delas mesmas.

A alma morta mora aqui, aí ou acolá. Mora em todos os olhos, em todos os fatos e afetos, no amor que se deu, na vida que se foi, mora com um cativante desejo de desintegrar-se á luz, numa manhã de domingo.