Já não é pra você uma questão de sobrevivência e sim de puro capricho, julgar aos outros, enfurece-los, culpa-los e não entende-los. Sempre foi característica sua querer escapar de culpa, de julgamentos externos, mas olha a ironia do destino, você sempre os julgou tão bem não é?
Seus julgamentos são sórdidos, mal feitos, mal selecionados, você julga sem poder, e mesmo sem esse direito você escolhe ser assim, por ser mais fácil, mais doce, e menos doloroso pra você, afinal julgar os outros consome grande parte do seu tempo e o fazendo você fica “livre” de seus problemas pequenos se comparados a grandiosidade dos problemas sociais. O mais intrigante é te conhecer tão bem e não saber o julgamento que você faz de mim, porque ora ele é uma coisa boa, ora é ruim, não é irônico imaginar que você deveria me conhecer como a palma de sua mão, mas você nunca se deu a esse trabalho? Não é irônico pensar que deveríamos ser melhores amigas? E é mais irônico pensar que seus julgamentos não deixam que isso aconteça, talvez irônico não seja adequado, e sim doloroso. É doloroso pensar que podia ser diferente se você tivesse me dado um espaço em sua vida, se você tivesse escolhido não me julgar, não se enfurecer com a minha dissimulação inocente que floresce sem querer a cada dia, se não se importasse com tudo isso que uso para me proteger de seus julgamentos.
Se me julgasse menos e se importasse mais já teria percebido o quão estou cansada de tentar desmanchar seus julgamentos errôneos, pra falar a verdade estou cansada de todos os julgamentos, estou cansada de tudo, estou cansada de fingir que nada acontece, enquanto tudo muda e só eu enxergo as mudanças, estou cansada da sua escultura tão perfeita e intocável construída por julgamentos, por conclusões precipitadas, por pré-conceitos, por pura ignorância mesmo, e quer saber você que se enfureça, brigue, esbraveje me ofenda, que procure uma saída e busque por mudanças, só nunca se esqueça que quando precisar ainda sou eu quem vai estar aqui.

Nenhum comentário:
Postar um comentário